Tinha 13 anos. Mas parecia mais velha, além de ser rebelde, tinha bastante
cabecinha.
A C. estava à janela de sua casa, e como sempre, eu na rua, e ali ficávamos a falar durante horas.
Um rapaz chamou-me a atenção. Para além de ser todo giro, via-se bem que não era português, tinha ar de indiano. Conforme passava na rua, olhava e sorria. As calças que ele usava, lembro-me de cor. Eu que sempre tive qualquer coisa com a cultura indiana, de certeza que numa vida passada fui uma. Adoro as roupas, algumas tradições, além de toda a gente, ao longo da minha vida, me perguntar se tinha descendência indiana, pois sempre tive o cabelo escuro e bastante comprido, e sei que tenho traços indianos.
Na altura o tal rapaz conhecia alguns dos meus amigos, o que fez com que, passados alguns dias nos
conhecêssemos e
começássemos a conviver um com o outro.
O nome dele, apesar de agora me parecer bastante banal, naquela altura foi uma dificuldade para o decorar.
O H. começou a fazer parte do meu grupo de amigos. Tinha uma enorme atracção por ele, mas nada mais que isso.
Eu como era (?) meio variado dos cornos, numa noite, levei umas quantas garrafas de bebida para o jardim onde parávamos sempre. E toca de beber. E ao que parece (eu cá não me lembro, mas é o que o H. diz) eu já toda torcida, parece que me agarrei ao H. aos beijos, e ele diz que foi aí que ficou rendido aos meus encantos. :D
Eu via que ele estava caído por mim, e por vezes até me sentia mal, porque eu não sentia o mesmo.
Admirava-o bastante, pois sempre foi um lutador, nesta vida. Tornámo-nos os melhores amigos. Era com ele que eu desabafava, sentia-me protegida por ele.
Mas a vida dá imensas voltas, e eu conheci depois as 15 anos, outro rapaz, por quem me apaixonei e namorámos uns anos. Mas eu e o H. nunca perdemos o contacto. Jamais. Eu sabia que ele era um amigo verdadeiro e não podia desligar-me dele, mesmo contra a vontade do namorado da altura, que tinha cíumes dele.
Eu e o H. encontravamo-nos às escondidas, como amigos, sempre com o máximo de respeito.
Ele também teve as suas namoradas, viveu a sua vida. Mas das vezes que me falava, dizia-me sempre que um dia ainda seria dele. Eu achava graça, mas nunca sonhava. Eu até o incentivava a esquecer-me, que havia mais raparigas no mundo, mas ele dizia que não.
E após 8 anos, do dia que nos conhecemos, começámos a namorar. Comecei a olhar para ele com outros olhos. Apercebi-me que gostava dele e foi muito giro. Até vivermos juntos passaram dois meses...e não foi antes porque eu tinha vergonha de ser tão cedo. Pois a minha família tinha-o conhecido na altura quando eu era ainda míuda e nunca sonhavam que após tantos anos, ainda conviviamos um com o outro, muito menos a namorar. Por isso foi uma enorme surpresa. E toda a gente o adora, por vezes quase que não se distingue quem é a filha, a neta, a sobrinha. A minha família diz que me saíu a sorte grande, com a jóia que tenho a meu lado. E eu sei que é verdade!
E é íncrível, pois como casal, devemos ser dos poucos que se dá tão bem! Nunca vi! Toda a gente fica admirada connosco. E somos bastante invejados por isso. Não passamos um sem o outro. Claro que também temos os nossos arrufos, mas é saudável. Quem não gosta de fazer as pazes?
E claro, temos os nossos tesourinhos pequenos, somos uma família feliz e eu adoro viver assim! Além de admirar a persistência do meu indiano, que para ele, nunca foi uma surpresa ficarmos juntos, e até casarmos.
Se era o destino, não sei...mas que tudo faz sentido estando juntos, lá isso é verdade...